Sub-concessionária deixou de cumprir diversas cláusulas
contratuais que implicaram em prejuízo aos cofres públicos e má-qualidade no
serviço à população por falta de investimentos

Como resume a Promotoria na ação:
"O descumprimento contratual e legal do contrato
de concessão pela Águas de Paranaguá (CAB), avalizado pelo Município de
Paranaguá e pela CAGEPAR, causaram graves danos ao erário público, inclusive
por meio de diversas fraudes e engodos, e submeteram a população de Paranaguá,
além das cobranças indevidas de taxa de esgoto e à poluição e degradação
ambiental e da saúde pública (que é objeto de ação judicial em separado), à
permanente ineficiência do serviço público de saneamento básico de água e de
esgotos sanitários".
O Ministério Público do Paraná em Paranaguá, no litoral do
Estado, apresentou ação civil pública contra a Águas de Paranaguá S/A,
sub-concessionária que administra o serviço de abastecimento e saneamento na
cidade, a Companhia de Água e Esgotos de Paranaguá (CAGEPAR) e
o Município.
O Ministério Público sustenta que a empresa deixou de cumprir diversas obrigações
contratuais, resultando em grave prejuízo financeiro aos cofres públicos, sem
contar na má-qualidade do serviço que é oferecido à população e no desrespeito
à legislação pertinente. A CAGEPAR e o Município de Paranaguá foram acionados
por se omitirem na fiscalização e cobrança do que foi contratado e pago pelos
contribuintes.
Nesta semana deve ser apreciado pelo Juízo da 1ª Vara Cível da Comarca liminar
com pedido de suspensão do contrato de sub-concessão celebrado entre as
empresas rés Águas de Paranaguá e CAGEPAR e na imediata assunção pelo poder
concedente (réu Município de Paranaguá) dos serviços de saneamento na
municipalidade.
A ação civil pública foi assinada pelos promotores de Justiça Ana Paula Pina
Gaio, Alexandre Gaio, Alex Fadel, Caroline Demantova Ferreira e Alessandro
Bettega Almeida.
O Município e a Águas de Paranaguá firmaram contrato em
março de 1997, através da CAGEPAR. O prazo de exploração do serviço pela
empresa na cidade vai até agosto de 2025. Na ação, o MP-PR descreve em detalhes
todos os pontos do contrato que foram descumpridos ao longo dos anos. Na parte
de questões estruturais, por exemplo: por contrato, a empresa deveria ter
construído reservatórios com capacidade de 17.100 m3 até o ano de 2001, mas
apenas entregou reservatório de 1.000m3. Comprometeu-se a implantar o sistema
adicional de captação de água do rio Jacareí, o que até hoje não existe.
No âmbito de questões de pessoal, a empresa deveria manter
uma equipe de pelo menos seis engenheiros e nove técnicos, mas teria apenas
três engenheiros. Só com pessoal, a Promotoria estima que, em oito anos, a Água
do Amanhã deixou de investir mais de R$ 1 milhão. O Ministério Público destaca
ainda que aproximadamente 45 anos após a assinatura do contrato de concessão de
exploração dos serviços de água e esgoto, e após 14 anos da assinatura do
contrato de sub-concessão destes serviços, nem a CAGEPAR e nem a Águas de
Paranaguá os executou satisfatoriamente, nem o Município de Paranaguá exigiu
tal implemento - hoje não há sequer 5% de rede separadora de esgoto no
município de Paranaguá.
Encargos não pagos - O MP-PR também relata na ação a questão
de encargos que a empresa deixou de pagar aos cofres públicos, curiosamente com
anuência do Município e da CAGEPAR. A Águas de Paranaguá deveria pagar todos os
meses encargos equivalentes a 50 mil vezes a Tarifa Referencial de Água, além
de outorga pela exploração do serviço no valor de 7% da remuneração mensal
percebida pela sub-concessionária. Conforme apurou a Promotoria de Justiça, os
valores referentes à outorga deixaram de ser pagos por muitos anos (1997 a
2007), o que importaria em um prejuízo de mais de R$ 12 milhões para o erário.
Fonte
- MP/Pr Nota de 16/05/2011
- PARANAGUÁ
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